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Eye-vo-re, Mariana Barrote na Sala 117

Em Eye-vro-re, primeira exposição individual de Mariana Barrote na Sala 117, os desenhos, as pinturas, o vídeo e os pequenos objetos articulam-se, literalmente, na construção de narrativas e poéticas visuais. Os diferentes medium utilizados concorrem para que o desenho, enquanto matriz primeira, se expanda transdisciplinarmente, ampliando a natureza heterogénea de cada um destes meios de expressão e reflexão.

O registo monocromático do desenho, tributário da leveza, rapidez e intuição que indiscutivelmente possibilita, dá lugar ao uso da cor como substância vigorosa e expressiva da pintura, repete-se e metamorfoseia-se na tridimensionalidade dos linóleos e pequenos objetos e tudo reencontra e reúne no pequeno vídeo em três atos, com anfíbia banda sonora.

Os desenhos e as pinturas de Mariana Barrote estão plenos de alusões primitivas, carnais e simbólicas, de referências e suposições em redor da figura humana, desfigurando-se o corpo num corpo e movimento anatomicamente incorretos e excessivos, entre o humano e o divinizado. São personagens de contornos mitológicos que povoam as paredes da exposição e que os objetos corporalizam e o vídeo simbioticamente aglutina.

Também o nome de cada uma das obras na exposição jocosamente convoca e dirige a nossa imaginação e memória de mitos e estórias coletivas. E o título da exposição, tomado a Roger Caillois (1913-1978)[1], sociólogo e antropólogo francês, empresta-se como um manto aglutinador sob o qual podemos pensar toda a exposição: o mito, essa faculdade superlativa da nossa imaginação.

Exposição patente até 14 de março, na galeria Sala 117, no Porto.

 

Mariana Barrote (Fão, 1986) é licenciada em Artes Plásticas – Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e frequenta actualmente o Mestrado em Artes Plásticas – Desenho na mesma Faculdade.

É membro fundador do projeto Chapa Azul – oficina itinerante de técnicas de impressão (com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian) e foi membro do Atelier Guilhotina, entre 2014 e 2017. Tem colaborado regularmente com outros artistas, nomeadamente com Mariana Caló e Francisco Queimadela e André Fonseca e participou já em diversas residências artísticas. Das suas exposições individuais destacam-se O Banho de Diana (2017, Silo, Matosinhos), Aparta-os amado, que vou voando (2016, NGHE Mediathéque, Bruxelas), A tristeza do Rei (2915, Galerie Tres, Nantes) e Nuntios Nocturno (2015, Galeria Módulo, Lisboa).

 

[1] Em Le mythe et lhomme (1938), Roger Caillois procura definir a razão e a função do mito, analisando as diferentes determinações (biológicas, antropológicas e epistemológicas) que contribuem para fazer das representações coletivas de caráter mítico uma manifestação privilegiada da vida imaginativa.

Andreia Poças nasceu em Valongo, Portugal, em 1976. Vive e trabalha em Guimarães. Concluiu em 2010 o Mestrado em Práticas Curatoriais (MA Curatorial Practice), na University College of Falmouth (Reino Unido) e iniciou, em 2014, estudos para Doutoramento em Estudos Artísticos, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. Exerceu funções de curadoria e produção na Galeria Graça Brandão e na Galeria Filomena Soares, em Lisboa. Enquanto curadora independente, produziu diversas exposições, nomeadamente Linha d’Água e lugarCASA (Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, 2014), Monkey Trip (em colaboração com João Maria Gusmão e Gonçalo Pena, Galeria Graça Brandão, 2012), Wall Stop for This (Appleton Square, 2012), estratégia ou o dom da ubiquidade (Galeria Graça Brandão, 2011) e Don’t underestimate the impact of the workplace (Newlyn Art Gallery, 2010, com o apoio da DGArtes e da Fundação Calouste Gulbenkian).

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