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The Cave Photography | Um arquivo de fotografia contemporânea

A The Cave Photography, um novo espaço dedicado à fotografia contemporânea e coordenado pelos fotógrafos Miguel Refresco e Rui Pinheiro e pelo cinematógrafo Diogo Castro, inaugurou dia 1 de fevereiro, no piso -1 do nº174 da Rua 31 de Janeiro, no centro histórico da cidade do Porto.

O projeto distingue-se por ser um local de partilha, venda e aluguer de fotografia, que pretende democratizar o acesso a provas fotográficas. A ideia principal foi criar um depósito/arquivo de fotografia contemporânea, ou seja, um local onde há acesso às obras, mantendo padrões de qualidade elevados.

A primeira fase do projeto inicia com um grupo de dez fotógrafos associados (Bernardo Sousa Santos, Cecília de Fátima, Dinis Santos, Fátima Abreu Ferreira, José Bacelar, Paulo Pimenta, Pedro Magalhães, Miguel Refresco, Rui Pinheiro e Violeta Moura) e com diferentes tipos de criação artística, desde o fotojornalismo até ao trabalho mais plástico, ou autobiográfico. Um conjunto de autores eclético e heterogéneo, coeso pela sua diferença e, como tal, essencial para a formação deste arquivo, a partir do qual se produzem provas em três formatos: postal, provas de autor e provas de exposição, autenticadas pelos artistas e impressores, seriadas e limitadas.

O modelo está assente na ideia de possibilitar um maior acesso à fotografia, pelo meio da venda do postal, um formato por excelência de circulação, cujo denominador comum é o Porto, visto nos seus pormenores e detalhes, as provas de autor, reflexo do trabalho de cada fotógrafo e por último as provas de exposição com dimensões maiores. Do mesmo modo, a adaptabilidade de cada um destes formatos permite a pedido de quem quiser outras soluções. Sendo que é de ressalvar que maior parte dos valores têm a origem na vontade de cada autor.

Rui Pinheiro sublinha que “A The Cave Photography pretende, como todos os espaços de promoção de atividade artística, fomentar a importância da arte com base na fotografia contemporânea, propondo-se criar a discussão entre documento e criação, entre o sentimento e a realidade – o caminho do trabalho de autor. Adquirir arte, potenciar o conhecimento por meio de uma linguagem de ordem estética, na descoberta da expressão de emoções e significados autorais.”

A localização da The Cave Photography, na Rua 31 de Janeiro, acrescenta ainda mais significado a este projeto, devido à sua importância histórica, cultural e patrimonial. Local de conflitos políticos de relevo para o Porto, onde também verificamos a sua relação e proximidade com Aurélio da Paz dos Reis, comerciante, floricultor e fotógrafo amador, revolucionário republicano, considerado o pioneiro do cinema em Portugal.

O edifício vazado que acolhe o depósito de fotografia, a Casa Vincent, é um edifício de Arte Nova construído em ferro e situa-se sobre a extinta muralha fernandina. A fachada projetada em 1905 por José Teixeira Lopes foi elaborada em plena 1ª Guerra Mundial e acolheu a ourivesaria Miranda & Filhos. O espaço onde se encontra a The Cave Photography, era a caixa forte onde se produziam as joias, ainda visível pela utilização do mobiliário existente para a exposição das provas fotográficas.

Rui Pinheiro salienta que “a história estuda a memória e o tempo, a fotografia também. Queremos ser agentes na cidade de uma memória futura.”

Na abertura foi possível visualizar, manusear e comprar as provas de autor, postais, caixas de luz e livros de fotografia de autor. Contudo, para além da inauguração, está previsto um programa educativo, associado ao grupo de dez fotógrafos. A transdisciplinaridade deste projeto irá permitir ser um espaço de apresentação de livros vinculados aos autores, possibilitando a transcendência da ideia de depósito, assim como abrir o modelo de negócio ao aluguer de fotografia, dando aos interessados o acesso temporário às imagens, num período determinado e limitado.

No futuro, Rui Pinheiro, Miguel Refresco e Diogo Castro, mentores deste projeto, pretendem convidar outros artistas portugueses e internacionais para acrescentar ao seu acervo, segundo uma curadoria cuidada e rigorosa.  Igualmente desejam ultrapassar a questão do espaço físico e possibilitar a compra através de uma plataforma online, abrangendo o mercado a nível global.

A The Cave Photography está aberta todos os dias e é acessível através da Casa Vincent (Rua 31 de Janeiro, nº174), ou pelo Ferro Bar (Rua da Madeira, nº84), de acordo com o horário de funcionamento do edifício (15h às 19h).

Ana Martins (Porto, 1990) é investigadora doutoranda do i2ADS – Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade, na qualidade de bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (2022.12105.BD). Frequenta o Doutoramento em Artes Plásticas da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, tendo concluído o Mestrado em Estudos de Arte – Estudos Museológicos e Curadoriais pela mesma instituição. Licenciada em Cinema pela ESTC do IPL e em Gestão do Património pela ESE do IPP. Foi investigadora no Projeto CHIC – Cooperative Holistic view on Internet Content apoiando na integração de filmes de artista no Plano Nacional de Cinema e na criação de conteúdos para o Catálogo Online de Filmes e Vídeos de Artistas Portugueses da FBAUP. Atualmente, desenvolve o seu projeto de investigação: Arte Cinemática: Instalação e Imagens em Movimento em Portugal (1990-2010), procedendo ao trabalho iniciado em O Cinema Exposto – Entre a Galeria e o Museu: Exposições de Realizadores Portugueses (2001-2020), propondo contribuir para o estudo da instalação com imagens em movimento em Portugal, perspetivando a transferência e incorporação específica de elementos estruturais do cinema nas artes visuais.

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