I Bienal Internacional de Joalharia Contemporânea de Portalegre
Até 6 de janeiro, ainda é possível visitar algumas das exposições da I Bienal Internacional de Joalharia Contemporânea de Portalegre. Dividida por diversos espaços emblemáticos da cidade, como o Museu de Tapeçaria, o Convento de São Francisco/Fundação Robinson e a Biblioteca Municipal, esta mostra apresenta peças de artistas nacionais e estrangeiros, uns já profissionais consagrados, outros ainda estudantes. Muitas das obras foram feitas propositadamente para a ocasião, em diálogo com os espaços e, no caso do Museu, com as belíssimas tapeçarias ali presentes. Participaram um total de 41 artistas, com trabalhos em estilos e materiais muitos diversos, nos quais não faltou a cortiça, com peso histórico e económico incontornável na região.
A bienal foi sonhada e concretizada por Diana Silva, joalheira contemporânea radicada em Portalegre, que conseguiu reunir esforços de todo um conjunto de entidades locais, mas também de escolas como o Ar.Co, de Lisboa, e a Mariano Timón, de Palencia, fazendo valer a proximidade com a fronteira.
De acordo com a sua criadora e curadora, o sucesso desta primeira bienal, que incluiu um seminário no fim de semana inaugural e workshops, concertos e sessões de meditação, permite confiar na realização de próximas edições, com ainda mais artistas nacionais e internacionais e a colaboração de mais escolas e universidades.
Se num evento deste género, que vale muito pelo conjunto, é ingrato salientar obras específicas, não podemos deixar de referir a presença de artistas como Fausto Maria Franchi, Ted Noten, Tereza Seabra, Jorge Manila, Manuela de Sousa, Manuel Vilhena, Inês Nunes, Marilia Maria Mira, entre muitos outros. É difícil destacar uma ou outra peça e vale a pena ir ver ao vivo a diversidade e qualidade da joalharia contemporânea apresentada.
Sobre a origem deste projeto, tivemos a oportunidade de ouvir a sua fundadora, Diana Silva:
“Tudo começou quando me mudei para Portalegre. Visitei os museus da cidade e apaixonei-me pela Manufactura de Tapeçarias, cuja história é particularmente interessante, também pelo facto de ter atraído, desde há muito, artistas nacionais e internacionais que desejaram trabalhar em cooperação com as suas brilhantes artesãs. É bom sentirmos o passado nas nossas pegadas do presente. Na Fábrica Robinson, património da história industrial, é isso que transparece, sentindo-se por fora e por dentro das suas paredes a alma das pessoas que lá laboraram.
Depois dessa imersão na cidade e na paisagem natural que a rodeia, a ideia de organizarmos aqui uma bienal de joalharia contemporânea surgiu espontaneamente, em conversa com o meu amigo e colega Pedro Sequeira, num fim de semana em que, por um aparente simples acaso, nos encontramos em Lisboa – aparente, porque nunca o acaso é fortuito.”
Por Marta Costa Reis