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Conhecer Philippe Vergne, o novo diretor do Museu de Serralves

“Museums are places where you welcome the world”

Philippe Vergne

 

O Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresentou, esta segunda-feira dia 29 de abril, o novo diretor do museu, Philippe Vergne (1966, Troyes).

Com um percurso profissional desde sempre ligado à arte contemporânea, o homem cuja presença e caráter são indiscutivelmente marcantes, começou por ser curador em França e já conta com uma totalidade de vinte e cinco anos de liderança em instituições internacionais. Salienta-se a sua primeira imersão na área com apenas vinte e sete anos de idade, no cargo de primeiro diretor do Musée d’Art Contemporain de Marselha, entre 1994 e 1997. Seguidamente, iniciou a sua carreira nos Estados Unidos da América, assumindo, durante uma década, a posição de diretor adjunto e curador chefe do Walker Art Center em Minneapolis. Depois, encarregou-se da direção da Dia Art Foudation em Nova Iorque, de 2008 a 2014, onde ficou conhecido pelas suas ações arriscadas, irreverentes e bem-sucedidas. Mais recentemente, foi no Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles que permaneceu no lugar da direção até março do presente ano de 2019.

O projeto que Vergne desenvolveu nessa última entidade foi, essencialmente, dirigido para a estabilidade financeira e o alcance dos grandes públicos, valorizando o projeto artístico e o serviço educativo. O curador revela ter um particular cuidado e interesse pelo público e pelo contacto deste último com a cultura e com a arte. Reconhece o valor dos museus enquanto espaços de conhecimento e considera fundamental que estas casas da esfera artística se caracterizem pela diversidade, multidisciplinaridade e inclusão.

Hoje, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, é precisamente a esses três princípios que correspondem os principais objetivos de Philippe Vergne para a instituição portuguesa. Explica não ter, ainda, um plano de atividades definido, pretendendo, presentemente, dar continuidade à programação que já fora definida e apresentada. Porém, garante já ter inúmeras ideias e que a sua presença se fará notar. Para tal, e explicando considerar que os artistas são quem conhece melhor o mundo, o novo diretor identifica ser importante ouvir os criadores nacionais sobre o que se faz e o que se pensa. Tendo em conta que a criação artística é um forte reflexo do contexto que a rodeia, compreende que cada instituição deve trabalhar e ser trabalhada de uma forma própria, em relação aos seus lugar, tempo, situação, contexto e sociedade. Assim, estabelece como seu dever conhecer bem o país, a cidade e o que aqui se faz a nível cultural e artístico, argumentando somente desse modo se possibilitar a definição e o desenvolvimento das melhores estratégias não só para o museu, como para os próprios artistas e o público. Simultaneamente, enfatiza a posição internacional de Portugal, que constitui um atrativo para artistas de várias proveniências.

Philippe Vergne esclarece ter sido a natureza da instituição, bem como o seu contexto espacial, o parque e a arquitetura de Álvaro Siza Vieira, que o cativaram e determinaram a sua decisão. Também a coleção do museu o impressionou e interessou. Indica que, proporcionalmente à diversidade dos jardins de Serralves, onde se encontram cerca de 8000 exemplares de plantas de diferentes características e nacionalidades, o programa artístico deve ter uma significativa multiplicidade, donde pode inferir-se que será prática, disciplinar, expressiva e estética.

Em resposta à Umbigo, o diretor afirma o desígnio de trazer o mundo a Serralves e ao Porto e levar Serralves ao mundo.

 

A Presidente da Associação, Ana Pinho, refere que se trata da “pessoa certa para a ambição de Serralves” e “para o crescimento do museu a nível internacional”. O rigoroso processo de eleição de Philippe Vergne contou com a participação de conceituados diretores de instituições culturais entre os quais Suzanne Cotter, diretora de Serralves de 2013 a 2017, bem como a prestigiada Frances Morris, atual diretora da Tate Modern.

Recorda-se que o novo diretor sucede a João Ribas e, como tal, vem integrar uma instituição que, nos últimos tempos, desafiava cânones e procurava o novo no sentido de um museu que age, fala e se afirma enquanto plataforma de crescimento, divulgação e experimentação da arte contemporânea. Philippe Vergne chega com a força de uma ruptura de vanguarda, sendo a partir daí que se abrem e percorrem novos caminhos no sentido do desenvolvimento e do futuro. É, pois, com tal rumo que se conta ver dirigido o Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Começa, agora, um novo capítulo, entusiasmante e que, oportunamente, festeja o trigésimo aniversário da instituição.

Constança Babo (Porto, 1992) é doutorada em Arte dos Media e Comunicação pela Universidade Lusófona. Tem como área de investigação as artes dos novos media e a curadoria. É mestre em Estudos Artísticos - Teoria e Crítica de Arte, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, e licenciada em Artes Visuais – Fotografia, pela Escola Superior Artística do Porto. Tem publicado artigos científicos e textos críticos. Foi research fellow no projeto internacional Beyond Matter, no Zentrum für Kunst und Medien Karlsruhe, e esteve como investigadora na Tallinn University, no projeto MODINA.

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