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Lisboa Fashion Week numa cadeira de plástico

Já há algum tempo que tinha vontade de ver a azáfama da “linha de montagem” de cada designer no Moda Lisboa mas nunca tinha surgido a oportunidade.

A confusão do primeiro dia, o arranque de toda aquela massa de pessoas para criar um espetáculo, e eu ali no meio ainda sem saber muito bem o que esperar daquela nova experiência. A minha maior vontade era conseguir entrar no backstage, ver a verdadeira “linha de montagem”, os cabelos, a maquilhagem, o fitting e todas aquelas câmaras à espera de encontrar o melhor e o mais belo.

Não me identifico, à partida, com este género de trabalho porque não me considero fotojornalista.

Boa parte do meu tempo inicial foi a tentar perceber a dinâmica, os movimentos, os tempos, a velocidade e, acima de tudo, a inquietação de cada um. Uma das coisas que me chamou mais a atenção foi o facto de haver duas velocidades completamente distintas, separadas pelo corredor principal: do lado esquerdo a maquilhagem e cabelos, onde tudo começa a ganhar forma, e, do lado direito, uma sala de espera com cadeiras e máquina do café. As pessoas sentadas à espera da sua vez de participar, destaca-se como a parte mais interessante para mim: ver ali todas aquelas pessoas num impasse, à espera da sua vez de participar no desfile.

Todas se sentavam nela em tempos diferentes, com finalidades diferentes e, acima de tudo, durante lapsos de tempo diferentes. Para uns, era uma paragem de descanso entre maquilhagem e cabelos, para outros, acabados de chegar, era ficar à espera de saber o que fazer; para outros, ainda, era uma oportunidade para descansar enquanto não recebiam novas ordens. Mas uma coisa é certa: todas as pessoas se sentavam ali, sem falha.

Achei piada ver estes movimentos de entrada e saída das cadeiras em contraste com a azáfama da produção e procura do glamour. Na minha opinião, o glamour da moda é para o espectador que tem acesso ao produto final. Na tal “linha de montagem” não o detetei; antes vi uma confusão organizada de pessoas a trabalhar para que esse glamour estivesse no resultado final. Para algumas, o tempo de espera para fazerem parte dele, implicava  sentarem naquela cadeira de plástico.

E a cadeira de plástico surge como forma de mostrar outro lado daquele espetáculo.

 

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  • Lisboa Fashion Week FW19

Depois de terminar o curso Profissional do Instituto Português de Fotografia (2010) dedicou-se somente à fotografia como ferramenta de trabalho que usa para explorar as temáticas do absurdo banalizado e os corpos como forma de expressão. Com pequenas incursões no mundo do cinema e publicidade até 2014, começa a ganhar interesse por outras formas de expressão dentro do campo da imagem e decide fazer o curso de cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC). Realiza duas curtas e trabalha como diretor de fotografia em vários projetos tanto escolares como profissionais em paralelo com a fotografia. Hoje dedica-se acima de tudo aos corpos fotografados, como eles se expressam e como é a sua integração num espaço, que implicações é que isso traz ao nosso quotidiano.

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