Heavy Trip (2018), de Juuso Laatio e Jukka Vidgren
O Heavy Metal geralmente leva-se demasiado a sério ou então não se leva suficientemente a sério. Seja como for não são poucas as vezes em que por uma ou por outra razão acaba por cair no ridículo.
Se isso é verdade para a música, então para filmes sobre o género ainda acontece mais. Grande parte da culpa é de Spinal Tap e da sua ridicularização das peneiras dos roqueiros. Depois há outros culpados pela queda involuntária no caricato, como Rock Star, um falso bio-pic inspirado nos Judas Priest em que Mark Whalberg – o pior ator do mundo, outrora conhecido por ser primo de um dos New Kids On The Block – interpreta o que pode ser considerado uma versão ficcionada de Rob Halford. E não podemos esquecer que Some Kind Of Monster também não será alheio a tudo isto.
Depois há os filmes sobre Heavy Metal, como este Heavy Trip, em que o objetivo é fazer, em primeiro lugar, os metaleiros rirem de si próprios sem esquecer os outros, sem perder a classe. Isso nem sempre é fácil e Waynes World é um bom exemplo disso. Mas Heavy Trip é doutra cepa, até porque foi forjado na Finlândia, terra conhecida como berço de grandes bandas Black Metal, e não em Hollywood. Portanto, os seus realizadores, fãs confessos de Metal, já trazem no pedigree todas as referências certas e sabem utilizá-las da melhor forma.
Para começar, a banda sonora original não soa a uma banda mal-amanhada para encher, e apesar da autoria ser de um membro de Stratovarius, azeite é coisa que não abunda por lá. A pinta 80s do filme certamente ajuda a manter o interesse, assim como as situações em que os 4 amigos da banda que decidiram batizar de Impaled Rektum (Recto Empalado) se envolvem a fim de conseguirem tocar num festival de renome. Obviamente pelo meio há um boy-meets-girl sem cair no pirosismo, e claro que também há um rival nesse amor, mas o que fica do filme são todos os episódios caricatos em que 4 metaleiros se metem numa terrinha dum país do norte da Europa, desde serem constantemente chamados de maricas até fazer música, que o baixista descreve como metal sinfónico, pós-apocalíptico, passador de veados, abusador de Cristo, extremo pagão de guerra, fino-escandinávico.
Para ajudar à festa, o que não faltam são cenas com sangue, vómito, música alta e momentos geek sobre Heavy Metal que tornam isto, uma espécie de Stranger Things para metaleiros, ex-metaleiros e amig@s ou namorad@s de metaleiros.
Quando é que Heavy Trip tem estreia em Portugal, é coisa que não se sabe, mas para já pode ver-se o filme em modo Video On Demand, nalgumas plataformas por esse mundo fora.