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Depois da imagem e da palavra, a música

João Louro é um artista cuja obra vive da traficância de signos e significados e do que fica entre a imagem e a palavra. A definição de uma e de outra é variável, intermutável, o que do ponto de vista conceptual e plástico resulta em desvios, erros ou redefinições. Uma palavra num dicionário não remete apenas para uma etimologia, mas também para uma legitimação do conhecimento. Que significa, portanto, subverter a definição de uma palavra neste contexto?

Se em Smuggling (2015), no MACE – uma das últimas individuais do artista –, Louro jogava neste campo de imagens subtraídas às palavras, agora, em Silence Will Save Us, na Fundação DIDAC, é a música que assume protagonismo, ou, melhor, a música escrita. Retirada a audibilidade da equação, a música resume-se a uma série de caracteres encadeados. Ou seja, silêncio. Uma partitura é a tradução de uma arte puramente sensorial e auditiva para uma estrutura frásica e visual, despojada de vibrações sonoras.

Como em toda a arte conceptual, a arte vem depois de um processo cerebral de inputs e outputs. A informação dada resume-se ao autor e ao título. Pouco mais. Talvez a data possa ainda ser útil neste complexo processo. Cabe a quem a vê intuir, posteriormente, e numa espécie de memória ou cérebro presentes no ouvido, uma hipótese melódica do que lê.

Silence Will Save Us pode ser visitada até 15 de julho na Fundação DIDAC, Santiago de Compostela, Galiza.

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