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O Teatro Nacional D. Maria II cortado por todos os lados, aberto por todos os cantos

Levam-nos o hábito e a norma a aguardar que as portas do Teatro se abram no início de cada espetáculo, para que nos possamos sentar na plateia a olhar o palco. Tende a ser um percurso bidimensional e um olhar unilateral. Mas e se o palco for o qualquer chão que pisemos e os atores estiverem entre nós? Invade-nos o desconforto de não sabermos onde colocar os pés. No entanto, não estivéssemos nós no Teatro, estes rapidamente começam a ser levados por uma espécie de canto de sereia. Ou será antes a inusitada Sininho a levar-nos para a Terra do Nunca? Como ela voa, o percurso rapidamente deixa de ser bidimensional. O chão vai seguindo direções várias e o espaço vai como que se transformando na Relatividade (1953) de Escher, como se percorrêssemos um corte explodido do edifício à escala real. Levados por “uma jornada rapsódica pelos territórios que configuram o teatro como espaço cénico, sociológico e arquitetónico”, vamos-lhe conhecendo as entranhas como se habitássemos um enorme bicho a fazer a digestão.

De 29 a 31 de maio, às 19h00, Gustavo Ciríaco permite-nos descobrir o Teatro Nacional D. Maria II cortado por todos os lados, aberto por todos os cantos, levando-nos a explorar os seus caminhos ocultos e a desmistificar as fronteiras normalmente rígidas entre arquitetura, teatro e cidade.

Cortado por todos os lados, aberto por todos os cantos integra a programação do Alkantara Festival, a decorrer em Lisboa até 9 de junho, de acordo com o programa online.

Zara Ferreira (n. 1988) é arquitecta e mora em Alfama. Foi investigadora do projecto EWV_Visões Cruzadas dos Mundos, colaborou com o atelier Tetractys Arquitectos e participou na representação portuguesa na 14ª Exposição Internacional de Arquitetura, Bienal de Veneza de 2014, também como copy-editor do Journal Homeland-News from Portugal. De 2014 a 2018, foi secretária-geral do Docomomo International (the International Committee for Documentation and Conservation of Buildings, Sites and Neighbourhoods of the Modern Movement) e co-editora do Docomomo Journal. Entre Lisboa (IST) e Lausanne (EPFL), está actualmente a fazer doutoramento sobre estratégias de preservação dos conjuntos habitacionais do pós-Segunda Guerra Mundial na Europa. Nas horas vagas dedica-se à viagem, ao teatro, à escrita, à fotografia e ao que mais o acaso lhe vai pondo na frente.

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