O Teatro Nacional D. Maria II cortado por todos os lados, aberto por todos os cantos
Levam-nos o hábito e a norma a aguardar que as portas do Teatro se abram no início de cada espetáculo, para que nos possamos sentar na plateia a olhar o palco. Tende a ser um percurso bidimensional e um olhar unilateral. Mas e se o palco for o qualquer chão que pisemos e os atores estiverem entre nós? Invade-nos o desconforto de não sabermos onde colocar os pés. No entanto, não estivéssemos nós no Teatro, estes rapidamente começam a ser levados por uma espécie de canto de sereia. Ou será antes a inusitada Sininho a levar-nos para a Terra do Nunca? Como ela voa, o percurso rapidamente deixa de ser bidimensional. O chão vai seguindo direções várias e o espaço vai como que se transformando na Relatividade (1953) de Escher, como se percorrêssemos um corte explodido do edifício à escala real. Levados por “uma jornada rapsódica pelos territórios que configuram o teatro como espaço cénico, sociológico e arquitetónico”, vamos-lhe conhecendo as entranhas como se habitássemos um enorme bicho a fazer a digestão.
De 29 a 31 de maio, às 19h00, Gustavo Ciríaco permite-nos descobrir o Teatro Nacional D. Maria II cortado por todos os lados, aberto por todos os cantos, levando-nos a explorar os seus caminhos ocultos e a desmistificar as fronteiras normalmente rígidas entre arquitetura, teatro e cidade.
Cortado por todos os lados, aberto por todos os cantos integra a programação do Alkantara Festival, a decorrer em Lisboa até 9 de junho, de acordo com o programa online.