Nos trabalhos colaborativos de artistas as afinidades entre eles afigura-se da maior importância. No entanto, isso não implica necessariamente concordâncias. Afinal, num diálogo, há sempre a construção de uma convergência de ideias nem sempre consonantes e num trabalho conjunto que parte do diálogo há sempre cedências. Geralmente, é assim que se concebe um trabalho de grupo.

Contudo, há sempre a hipótese de se construir uma personagem externa, imaginada, na tentativa radical de aglutinar todas as afinidades dos elementos coletivos. É com base nesta proposta que a exposição De A-a-A – Calpi & Camarao se mostra. E como a autora do texto de exposição Carolina Trigueiros refere: “Orquestrado por A.calpi e Alexandre Camarao, a elaboração da personagem acontece através da intuição, do humor e da poesia, num exercício de liberdade que procura suprimir o controlo exercido pela razão e pela aura autoral. Um jogo onde, à semelhança do cadavre-exquis, um artista dá continuidade ao trabalho do outro”.

De A-a-A – Calpi & Camarao está patente no Espaço Cultural das Mercês, Rua Cecílio de Sousa 94, Lisboa, até 27 de fevereiro.