Pedro Valdez Cardoso
Pedro Valdez Cardoso tem tido uma carreira repleta de exposições e produções, com obras suas presentes em várias coleções nacionais. A sua atenção à arqueologia dos lugares e das memórias granjeiam-lhe várias participações em exposições cujas narrativas e linhas curatoriais excedem os limites da arte e abraçam campos periféricos, necessários a uma regeneração de representações e práticas. A história, os contextos, a identidade, são tudo matérias de trabalho para o artista, por vezes quase no limiar da etnografia teatral, de máscaras coloridas e gestos e esculturas espantosas.
O artista tem agora a sua obra exposta em duas exposições: uma na Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, Horta, Açores e; outra, no Mu.ZEE, Bélgica, no qual se junta a outros artistas nacionais e internacionais.
Nos Açores, Prazer do Espírito e do Olhar parte da coleção Arquipélago para mostrar o que se presume ser a ligação íntima entre o olho e o espírito, vínculo particularmente explorado por Merleau-Ponty. Por seu lado, na Bégica, a obra de Valdez Cardoso insere-se na história local da cidade de Oostende, para daí ajudar a esboçar um paralelo com as obras de Téodore Géricault, A Jangada de Medusa (1818) e de Jan Fabre, Art is (not) lonely (1986). Apesar da distância temporal entre as duas peças, a contemporaneidade obriga a uma sobreposição de planos cronológicos, atemporais, que permite ver as duas como contemporâneas na forma de abordar questões pertinentes à condição humana, nomeadamente as questões de partida e chegada, de permanência e inquietude, de conforto e solidão. Ou seja, a jangada é referencial para uma discussão alargada à cidade, à Europa, ao mundo, mas também à arte, à história, às comunidades presentes.
Prazer do Espírito e do Olhar está patente na Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, Horta, Açores, até 31 de dezembro. The Raft. Art is (not) Lonely pode ser vista no Mu.ZEE, Oostende, Bélgica, até 15 de abril e a Pedro Valdez Cardoso juntam-se mais dois artistas portugueses, Julião Sarmento e Jorge Molder.