Pitch Market
O mercado (PitchMarket) começou há dois anos na Praça do Comércio, apenas com um terço das representações reveladas este ano. Desde 2015 que tem dobrado o número de stands, e com marcas que representam o design e a decoração portuguesas, a maioria delas, aproveitando os recursos da região, e numa perspetiva de potenciar o que é autóctone.
Este ano o PitchMarket evidenciou grande adesão, com o dobro das marcas presentes, em relação ao ano passado. Foi visitado, segundo o diretor da feira, Tiago Miranda, ao contrário do que poderia supor, por muitos portugueses, que iam de propósito visitar a feira, procurar produtos específicos, e fazendo-se acompanhar pelas suas famílias e crianças. Apesar deste mercado se situar num local acentuadamente turístico, teve, nos portugueses, o reconhecimento e a procura necessárias. O espaço e os contentores, onde se fizeram alojar as diversas marcas e produtos, muitos deles do país inteiro, foram gentilmente cedidos pela Câmara Municipal de Lisboa, que, segundo Tiago Miranda, se mostrou, desde cedo, disponível para colaborar, e entusiasmada com a iniciativa.
O diretor do evento define este mercado como um local de venda, de produtos portugueses, especializado em decoração e design, tema que, até aqui, ainda não tinha sido explorado em locais de venda com estas caraterísticas. Os produtos, a maioria para a casa, são vendidos na rua, aspiram à grande qualidade, e podem ser adquiridos em quantias avultadas ou em muito baixo custo, conforme as bolsas. A Fábrica Bordallo Pinheiro, também representada na feira, ostentava as últimas peças da fábrica, em cerâmica. Um desafio que foi aceite pelo cartoonista António, e que consistiu em dar forma tridimensional a figuras de vulto como Mário Soares, Eusébio, Papa Francisco, Barack Obama e Angela Merkel, esta última, em grande destaque no stand. Sem esquecer, claro, o tom mordaz, e jocoso, com que as peças são tratadas, próprias do espírito de caricatura, e caraterístico da fábrica, embebida no humor e na sátira política, como é de sua tradição.
Ao seu lado esquerdo, e direito, encontravam-se os stands ocupados pela Fábrica Vista Alegre, onde, num verdadeiro ambiente de estúdio, duas artesãs, ocupando cada uma o seu espaço, (devidamente iluminado), pintavam as superfícies brancas das loiças, de formas minuciosas, com traços longilíneos, e suaves, em tons subtis. Primeiro uma aguada, que depois ia ao forno, e de seguida as camadas seguintes, pinceladas dadas com mais pormenor e detalhe. Num desses stands, uma artesã, pintava uma ave, ainda branca, com pinceladas finas, e minuciosas, descrevendo, com mão firme, traços paralelos, para formar uma textura colorida das penas. Tratava-se de uma peça de Sam Baron, La Dame aux Oiseaux. Além de muitas marcas importantes, de artigos para a casa, o Pitch Market contou com a presença da marca Corque, que desenvolve peças de mobiliário com o recurso à cortiça e liderado por Ana Mestre; o Laboratório d‘Estórias, que nos habituou às suas árvores de Natal de mesa, geométricas e estilizadas, em cerâmica; a Abelha Mukaki, com o seu estilo tropical, e que, de certa forma, desperta memórias alusivas a um remoto legado colonial; a marca Alguidar Knit, com os padrões geométricos em lã, tecida em tear manual; a marca So-So, (ou Assim Assim) com os seus brinquedos suaves e doces em madeira; os produtos em cortiça, de Tiago Sá da Costa, conciliando a técnica do corte a laser com os processos feitos à mão, e construindo peças em folha de aglomerado de cortiça que se desdobram em múltiplas formas; a marca Trinta Por Uma Linha, que amplia também o número de objetos do quotidiano com uso da cortiça, burel e pinho. Outras marcas estiveram também representadas como o Projecto Tasa, com a Arte do Latoeiro, de Henrique Ralheta; Egg Electronics; JMGlass; De Raiz; Eco Solutions; entre muitos outros projetos e marcas de igual qualidade.