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Cerâmica e desenho na Galeria Objectismo

Portugal tem uma longa história no que à cerâmica diz respeito. Os inúmeros azulejos que revestem as habitações e patrimónios lisboetas, bem como as artes decorativas que denunciam o que foi, durante muito tempo, o principal gosto da nobreza e elite portuguesas, são disso exemplo. Um gosto que pode ser recuado à célebre Rota da Seda que trouxe as primeiras cerâmicas chinesas e que os portugueses tanto admiraram.

A Galeria Objectismo propõe agora uma revisitação das cerâmicas Aleluia – reconhecida fábrica ceramista fundada em 1905, em Aveiro – num diálogo direto com a obra do artista Bruno Castro Santos. A exposição Deriva, mostra como o desenho e cerâmica (fabricada entre as décadas de 40 e 70) fomentam uma nova hipótese de contemporaneidade e de visão transdisciplinar no que respeita a técnica, arte e artesanato.

Os desenhos encontram ressonâncias nas geometrias coloridas das jarras. A pureza das formas, os gráficos estilizados, as linhas precisas, os ângulos cortantes e as curvaturas líricas estão presentes em ambas as expressões, de tal forma que parecem efetivamente remeter para períodos quando as vanguardas despontavam e se multiplicavam em “ismos”: Orfismo, Construtivismo, Abstracionismo, Cubismo, etc.. Castro Santos, todavia, atualiza o conjunto numa depuração minimal, reforça o caráter quase planimétrico de uma peça de cerâmica, como se uma jarra tivesse sido submetida a uma planificação geométrica.

Deriva está patente na Galeria Objectismo até 19 de outubro.

José Rui Pardal Pina (n. 1988), mestre em arquitetura pelo I.S.T. em 2012. Em 2016 ingressou na Pós-graduação em Curadoria de Arte na FCSH-UNL e começou a colaborar na revista Umbigo. Curador do Diálogos (2018-), um projeto editorial que faz a ponte entre artistas e museus ou instituições culturais e científicas, não afetas à arte contemporânea.

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