Cerâmica e desenho na Galeria Objectismo
Portugal tem uma longa história no que à cerâmica diz respeito. Os inúmeros azulejos que revestem as habitações e patrimónios lisboetas, bem como as artes decorativas que denunciam o que foi, durante muito tempo, o principal gosto da nobreza e elite portuguesas, são disso exemplo. Um gosto que pode ser recuado à célebre Rota da Seda que trouxe as primeiras cerâmicas chinesas e que os portugueses tanto admiraram.
A Galeria Objectismo propõe agora uma revisitação das cerâmicas Aleluia – reconhecida fábrica ceramista fundada em 1905, em Aveiro – num diálogo direto com a obra do artista Bruno Castro Santos. A exposição Deriva, mostra como o desenho e cerâmica (fabricada entre as décadas de 40 e 70) fomentam uma nova hipótese de contemporaneidade e de visão transdisciplinar no que respeita a técnica, arte e artesanato.
Os desenhos encontram ressonâncias nas geometrias coloridas das jarras. A pureza das formas, os gráficos estilizados, as linhas precisas, os ângulos cortantes e as curvaturas líricas estão presentes em ambas as expressões, de tal forma que parecem efetivamente remeter para períodos quando as vanguardas despontavam e se multiplicavam em “ismos”: Orfismo, Construtivismo, Abstracionismo, Cubismo, etc.. Castro Santos, todavia, atualiza o conjunto numa depuração minimal, reforça o caráter quase planimétrico de uma peça de cerâmica, como se uma jarra tivesse sido submetida a uma planificação geométrica.
Deriva está patente na Galeria Objectismo até 19 de outubro.