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MOTELX 2017 – Sejam bem-vindos a Vinhais

Entre segredos, bolos em forma de cabeça de porco e outras iguarias, foi apresentada a 11ª edição do MOTELX. Os convidados de honra foram três diabos vermelhos de Vinhais que serão, certamente, presença assídua no Cinema São Jorge de 5 a 10 de setembro. Depois de ter transformado D. Sebastião num zombie, a organização mergulha mais uma vez na tradição portuguesa para criar a imagem (e frequentemente parte da programação) do festival.

Tal como tem sido hábito nos últimos anos, o MOTELX começa uma semana antes com um warm up que inclui as já famosas projeções de cinema no Largo de São Carlos e na Rua da Moeda, em frente ao bar Lounge. De 31 de agosto a 2 de setembro haverá também concertos, festas, e ficou prometida uma marcha de monstros diversos pelas ruas de Lisboa. Para além de também já ser uma tradição do festival, este ano a parada ganha novos contornos como homenagem a George Romero, realizador de Dawn of the Dead que morreu recentemente. Convidado de honra do festival em 2010, Romero é uma figura acarinhada pelo MOTELX não só pela sua obra, mas também pela generosidade e simpatia que espalhou por toda a gente que se cruzou com ele em Lisboa. Será de esperar também um tributo durante o festival, embora a forma ainda esteja a ser definida.

Para 2017, está confirmada a presença de Alejandro Jodorowsky e Roger Corman. Depois de ter faltado no ano passado, Corman vem finalmente receber as honras de Mestre do Terror e falar com os fãs numa masterclass. Jodorowsky, mestre chileno do surrealismo, aparece enquadrado na associação do MOTELX à programação da Lisboa, Capital Ibero-americana de Cultura.

Para além da presença do realizador e da exibição de alguns dos seus filmes, há também uma retrospetiva dedicada ao cinema de género em Portugal, Espanha e nos países da América do Sul: O Estranho Mundo do Terror Latino. É de destacar a sessão especial dedicada a Jean Garrett, realizador brasileiro ligado ao exploitation, e também os filmes da secção Quarto Perdido, duas coproduções entre Portugal e Espanha: Crime de Amor (1971) de Rafael Moreno, e O Espírita (1976) de Augusto Fernando.

Ainda dentro do terror latino, um dos títulos fortes é The Bar, do espanhol Álex de la Iglesia. Esta comédia de terror marca também o tom da secção Serviço de Quarto, que este ano aparece polvilhada por este género vindo de todos os cantos do mundo.

Ainda no Serviço de Quarto, destacamos o regresso de duas cinematografias acarinhadas pelo festival: a asiática e a australiana. Meatball Machine Kodoku, de Yoshihiro Nishimura (também uma comédia) e Hounds of Love, de Ben Young, são dois dos filmes já anunciados.

A pensar nos mais novos, entre workshops e outras atividades na Cinemateca Júnior e no Museu Berardo, a secção Lobo Mau exibe pela primeira vez em sala O Livro da Vida. Realizado por Jorge R. Gutiérrez e produzido por Guillermo del Toro, o filme inspira-se na tradição mexicana do Dia de los Muertos, sendo assim uma espécie de peça final neste puzzle dedicado ao terror latino.

Para terminar, para além da Melhor Curta de Terror Portuguesa (desta vez com um prémio monetário ainda maior) na 11ª edição do MOTELX regressa também a competição para Melhor Longa de Terror Europeia, inaugurada no ano passado.

No MOTELX Lab há ainda workshops, conferências e masterclasses, tudo para que os dias de 5 a 10 de Setembro sejam passados Avenida acima e Avenida abaixo, tendo o Cinema S. Jorge como epicentro.

Para mais informações e programação completa: www.motelx.org

Colaboradora da Umbigo desde 2000 e troca o passo, a relação tem sobrevivido a várias ausências e atrasos. É formada em Design de Moda, mas as imagens só (lhe) fazem sentido se forem cosidas com palavras. Faz produção para não enferrujar a faceta de control freak, dança como forma de respiração e vê filmes de terror para nunca perder de vista os seus demónios. Sempre que lhe pedem uma biografia, diz uns quantos palavrões e depois lembra-se deste poema do Al Berto, sem nunca ter a certeza se realmente o põe em prática ou se é um eterno objectivo de vida: "mas gosto da noite e do riso de cinzas. gosto do deserto, e do acaso da vida. gosto dos enganos, da sorte e dos encontros inesperados. pernoito quase sempre no lado sagrado do meu coração, ou onde o medo tem a precaridade doutro corpo"

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