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EDITORIAL
Há poucas semanas ouvimos, num canal televisivo de notícias estrangeiro, referirem-se a Portugal como «… one of Europe’s poorest countries». Esta frase ficou a martelar-nos a cabeça durante dias. Já o sabíamos, todos o sabem. Mas ouvir esta frase dita em inglês fez-nos pensar: «ok, é oficial, somos mesmo um dos países mais pobres da Europa». E começámos a sentir um misto de desilusão e inquietude perante esta situação.
A conjuntura económica é preocupante, é um facto. As finanças públicas e privadas estão fracas, basta abrir a carteira ou pedir um extracto no multibanco para comprová-lo. Mas porque é que a crise económica tem de provocar uma crise cultural e de valores? Porque é que a mediocridade é, nos tempos que correm, a única característica desejável por quem detém o poder de decisão e o (pouco) dinheiro? Porque é que um dos nossos mais experientes jornalistas no domínio do jornalismo cultural não é ouvido (nem levado a sério) quando se discute a necessária mudança de formatos no sentido de melhorar conteúdos? Simplesmente “Acontece”? São perguntas sem resposta num país de vistas curtas. Um país de contradições em que, por um lado, se apoia plenamente uma bienal de design e por outro se deixa encerrar a principal montra do design português: a ModaLisboaDesign, outrora situada na Praça do Município, em Lisboa.
Será que o público fechou os ouvidos e os olhos à cultura para se concentrar na sobrevivência e na manutenção dos recursos mínimos? Acreditamos que o caso não será tão grave. Haverá sempre cérebros evoluídos e equilibrados. Cabeças que aceitam a cultura como ginástica do pensamento, como comunicação e desenvolvimento, como cartão de visita para quem não nos conhece. É para estas pessoas que continuamos a trabalhar com prazer e afinco para, a cada três meses, oferecer páginas onde reflectimos e divulgamos a arte nacional e internacional, apostando em novos olhares sobre o nosso corpo, um dos temas essenciais da arte e do pensamento sociológico desde sempre. Na esperança de melhores dias, em que as revistas culturais como a nossa e outras não tenham medo da incógnita que hoje constitui o futuro.
E como sabemos que a arte e a cultura são elementos que definem a identidade de um país e ajudam a projectar uma nação além fronteiras, iniciamos agora a internacionalização da Umbigo. A partir deste número, será possível comprar estas páginas de prazer também em Espanha. Outros países se seguirão…
Para não deixar que a crise económica signifique a morte da cultura.
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ÍNDICE
02. joão d’ávila . poema
05. editorial
08. guy bourdin . vermelho sangue
12. eisenstein . desenhos secretos
16. carlota lagido . ugly ou a sátira aos iogurtes magros
18. daniel canogar . sentir o vazio
22. chicks on speed
24. joana dilão . ruptura
28. grupo corpo . a linguagem própria do corpo
30. gary hill . para lá do corpo
32. wolfgang tillmans . we are all naked underneath
34. vantrung . hollywood knives
44. moda: fábrica de estereótipos físicos?
46. a beleza através do bisturi
48. ricardo quaresma . der abend vor dem morgen danach
52. a mulher negra, a sensualidade e o groove
54. marina abramovic . o corpo como campo de batalha
56. porn to be alive
58. rita marques . a artista ferida
60. niki de saint phalle
62. magritte . isto continua a não ser um cachimbo
64. tango . um orgasmo feito dança
67. irma vep . uma chinesa em paris
68. pierre bismuth . collages fit for general audiences
69. god shave the queen
69. 1 bigo
70. cinco sentidos
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