DIÁRIOS DO UMBIGO

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(poemas de Maria Fernandes para fotos e títulos de Fedra Espiga Pinto)

A Morte do Ofício

(pois que jamais este habitou o génio [psicossomático] dos visados – estes retratar-se-ão. ou não)

A ruína dos ideiais clássicos fez de todos
artistas possíveis e portanto, maus artistas.
Quando o critério da Arte era a construção sólida, a observância
cuidada de regras - poucos podiam tentar ser artistas, (...)
Mas quando a Arte passou de ser tida como criação
para passar a ser tida como expressão de sentimentos,
cada qual podia ser artista porque todos têm sentimentos.

Bernardo Soares

temos de nos afastar para entender melhor

toda e qualquer
circunstanciação
do momento-perene
em que,
mirando o infinito
invisível da miséria poética
que grassa,
possamos ter o
- espasmo involuntário -
de auto-mutilação cerebral
celebrando a FALSA
celebrapoesia

- o não é, por obviamente não o ser -

A-Morte-do-Oficio-1

as transparências iludem

o olhar em formas florais
- pantalla al revés -
do paradoxo
do entendimento
e do que se deseja
de um lado
e do outro
do gume
da ignorância
do colectivo

A-Morte-do-Oficio-2

não respires

fétidas orações inócuas
eclipsadas a qualquer
esquadria
e compassadas de ritmos
ermos de gnose.

- não basta saber a Terra oblíqua
e auto-BEATIFICAR-se sábio
pois certo é que

A-Morte-do-Oficio-3

por baixo do mar, a noite

austera de presunção aprumada
que se tem só e apenas em si
suspensa do descalabro
da alta traição
ao passado basilar da poïesis:

“não é meia-noite quem quer”, e sabei:

- alma alguma,
vera ou parida, sai
incólume da moldura penal
prevista para
homicídio

A-Morte-do-Oficio-4

* Este texto não é escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.

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