Projecto/Portfolio: Alípio Padilha.

Todos os dias vou e venho pelo mesmo caminho. Há pessoas que parecem sempre as mesmas. Para lá com ar mais triste do que para cá. A minha rotina é igual à de milhares de pessoas que se deslocam pelos corredores desta cidade subterrânea, longe, a maioria das vezes, do céu, das árvores, do sol… Ali nunca faz frio nem calor. Não há tempo. Mas há vida e muita! E… cores e olhares. Olha-se pela janela, e nada se vê. Escuro. Aqui e ali menos breu. Os olhares pela janela vêem um túnel sem luz. Talvez ao fundo. Lá ao fundo haja uma luz a surgir naquele breu aparentemente sem fim e em círculos. Outros que olham pela janela como se vissem, do lado de fora, outros que correm com pressa de grande melhorias. Amanhã… volta a fé. Hoje logo se vê. Próxima paragem:…

"...e dizer que são perguntas, hipóteses. Ir em frente, dizer que é ir, dizer que é em frente. Será possível que um dia, vá lá, um primeiro passo, eu tenha apenas ficado num lugar de onde, hábito antigo, costumava sair para ir passar o dia e noite mais longe possível de minha casa, e nunca era longe... julgamos estar apenas a descansar, para depois agirmos melhor, ou sem ideias feitas, mas passado pouco tempo vemo-nos impossibilitados de fazer seja o que for...pareço falar de mim, mas não sou eu, não é de mim... como fazer, como vou fazer, que devo fazer, na situação em que me encontro, como hei-de proceder?... não estarei sózinho... " S. Beckett, O Inominável